Um dia na vida!

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Ela correu apressada, já estava atrasada há alguns minutos. Na estação lotada ela buscava a saída e olhava o relógio que parecia correr ainda mais rápido. 
Jeans justo, camiseta branca, jaqueta preta, sapatilhas vermelha, cabelos soltos e só um lado da mochila no ombro. Ali estava ela, atrasada no meio da multidão e preocupada.
Subiu quase correndo a escadaria e no final o avistou de costas. Então parou, respirou fundo, arrumou a mochila no ombro, virou as costas pra ir embora, deu dois passos e parou, balançou a cabeça como quem quisesse organizar os pensamentos ''não, não vim até aqui para desistir agora. Vou até lá, falo um 
oi e vou embora, pronto!"
Enquanto caminhava em direção à ele a cabeça fervia de pensamentos. Ele era um cara bacana, e eles eram apenas amigos graças a internet. Começou com coisas de trabalhos e depois notaram algumas afinidades, mas nem ela sabia o motivo de ter marcado aquele encontro. Mas estava ali, e ele estava a há alguns passos até ela poder toca-lo. Mas o motivo daquela ansiedade ela não sabia e tampouco entendia

- Rafael... - Ela falou num tom de voz diferente do normal, parecia rouca e parecia gritar muito alto. Por um instante quis bater em si própria por isso.
Cabelos claros, barba quase no mesmo tom, blusa cinza, jaqueta preta , jeans e conturno. Tudo isso acompanhado de um sorriso que dispensava qualquer palavra. Ela sorriu de volta pra ele e ali pareceu que o tempo parou e só existiam os dois naquela estação. Mas ele a acordou ainda sorrindo com um abraço, veio até ela e passou um braço em seus ombros e a outra mão pousou em sua cintura. Ela sentiu o cheiro dele e as mão tocaram as costas o apertando contra ela de leve.

- Aqui estamos nós dois. - Ele disse quando a soltou.
- Pois é, aqui estamos nós dois. - Ela respondeu visivelmente nervosa passando as mãos nas laterais da calça.
- Tem um bar aqui perto, podemos ir lá conversar.
Ela aceitou o convite com um aceno de cabeça e começou então a caminhar do lado dele. Logo a ansiedade deu espaço pra uma conversa sobre a super lotação nas estações e nas ruas, ela estava muito mais aliviada e nem um pouco nervosa.
Entraram em um bar pouco movimentado e sentaram numa mesa do canto. Ela pediu cerveja e ele wisky, conversaram sobre fotografia, grafite e jazz. A forma que ele mexia os lábios todas as vezes que descansava o copo na mesa arrancava dela um riso simples. Depois de cerca de meia hora ela avisou que teria que ir embora. Ele pagou a conta e então saíram. Do lado de fora do bar trocaram um abraço e beijos nos rostos. Ela o olhou pela última vez e virou de costas pra ir embora, segurava nas mãos um livro sobre fotografia que havia ganhado de presente dele. Baixou a cabeça sorrindo e estava mais afastada quando ele gritou:

- Então é isso? 
- Oi? - Ela virou-se confusa.
- Você despencou de tão longe pra vir apenas me ver? Disfarçou tão mal os olhares para minha boca e o calor de seu corpo ao me abraçar pra isso? Ir embora assim?
- Não estou entendendo. - Ela o olhava confusa.
- Fica ai.
Ele voltou com o capacete na cabeça e um na mão. Foi colocando na cabeça dela e segurando a mão dela a puxou. Subiu na moto e ela subi junto. Passou os braços em volta da cintura dele e conforme ele acelerava ela o apertava. Chegando em um prédio ele foi logo buzinando e o porteiro abrindo. Deixou a moto no pátio e foi tirando o capacete, ela o copiou. Ele segurou sua mão e andando rápido entraram no prédio. Chegando a porta do elevador ele apertou o botão, a olhou e ela sorriu, ele sorriu de volta.  O elevador demorou e ele a puxou mais uma vez. Subiram quatro lances de escada e ela já estava cansada de correria.
Chegando na porta de um apartamento ele a encostou na parede e a beijou. Ambos deixaram os capacetes caírem e continuaram o beijo quando ele conseguiu abrir a porta e enfim entraram. Ele a soltou para pegar os capacetes e fechar a porta. Ela tirou a mochila e a jaqueta. Levantou a vista e ele a observava. Se aproximaram um do outro e voltaram a se beijar. Caíram no sofá...



Horas depois ela acordou e ainda com os olhos fechados começou passar a mão no rosto e no cabelo. Sorriu ao ouvir o riso dele. Abriu os olhos devagar e ele estava sentado ao lado dela, sem camisa a observando. Ela ergueu a mão e tocou a mão dele.

- você fica ainda mais linda quando acorda.
- E você ainda mais lindo quando sorrir pra mim.
- Tive o direito de uma tarde incrível ao lado de uma mulher maravilhosa apaixonada por mim.
- Toda mulher tem direito a uma última paixão antes de seu casamento.

Ela deixou a mão que já estava erguida na luz do sol que estava se ponde e entrava pela janela. O raio de sol reluziu em sua aliança na mão direita!




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